8 de abr. de 2009

Sessão motor a lenha.


Senhoras e senhores, estamos de volta com mais um capítulo desta quase periódica sessão aqui no nosso blog. Vamos hoje falar de um carro também inesquecível para nós brasileiros pois foi com ele que o tri campeão Nelson Piquet conquistou seu primeiro título mundial em 1981, o Brabham BT49.

No final de 1979, a Brabham estava na pior. Tão na pior que Niki Lauda, o principal piloto da equipe, decidiu abandoná-la e também a Formula 1 nos treinos de sexta-feira do GP do Canadá, alegando que tinha perdido a vontade de correr. No seu lugar entrou o argentino Ricardo Zunino. Entretanto, a Alfa Romeo decide entrar na Formula 1 como equipe (chassis e motor), o que fazia com que Bernie Ecclestone voltasse aos motores Cosworth DFV. Gordon Murray ficou contente, tão contente que afirmou: "Trabalhar no BT49 foi como tirar férias".

E tinha razão. É um carro simples, mas eficaz. Construido à volta do motor Ford Cosworth, o motor dominante na altura, era construido com um monoposto de aluminio, com as partes laterais baixas, onde ficavam os radiadores. Era o aproveitamento do efeito-solo ao máximo. E foi esse chassi bem nascido que colocou de novo a Brabham nas vitórias.

O chassi correu nos dois Grandes Prémios finais de 1979, mas só conseguiu uma volta mais rápida em Watkins Glen. Em 1980, depois de vários testes, o carro mostrou o seu potêncial: Piquet faz a sua primeira pole-position em Long Beach e ganha a corrida. Após essa vitória inicial, o piloto brasileiro alcança mais duas vitórias e uma pole-positiom e luta pelo título mundial. Contudo, no Canadá Alan Jones se sagra campeão entre os pilotos e no campeonato de construtores, a Brabham fica em terceiro, com 55 pontos.

Em 1981, Piquet e o mexicano Hector Rebaque recebem um novo desenvolvimento do BT49 a versão C. Com o banimento das saias móveis no final do ano anterior, Gordon Murray concebeu uma suspensão hidropneumática, no sentido de contornar essa proibição. O principio era simples: durante a corrida, devido às molas colocadas no carro, este ficava colado à pista, a uma altura inferior a do regulamento (6 centímetros). No final da corrida, apertando um botão, o carro voltava à forma inicial, para que pudesse ser medido pelos comissários técnicos (veja figuras). Podia ser ilegal, mas como os comissários não tinham meios para medir os carros durante a corrida foi assim que Nelson Piquet ganhou o GP de San Marino, em Imola.






E a piada no meio disto tudo, é que nessa mesma altura, a então FISA proibia o Lotus 88 por causa de um principio semelhante ao usado pela Brabham.

Graças a esse dispositivo (mais tarde sancionado pela FISA), a Brabham ganha três corridas, e faz com que Nelson Piquet lute pelo título mundial. E em 17 de Outubro de 1981, depois de lutar contra o seu rival Carlos Reutmann e contra as dores, Nelson Piquet torna-se Campeão Mundial. Quanto à equipe, os 51 pontos de Piquet, mais os 11 pontos de Hector Rebaque, fizeram com ficasse no segundo lugar do Mundial de construtores.

Em 1982 Bernie Ecclestone procurava um fornecedor de motores Turbo para o novo modelo BT50, encontrou a BMW e assinou logo para essa temporada. Contudo, de início, apesar da brutal potência que os Turbo davam nos treinos (1500 cavalos), a confiabilidade e adaptação do carro foram difíceis e após o GP da Africa do Sul, ele e Riccardo Patrese (que substituiu Rebaque) voltaram aos BT49, agora na versão D, pois agora o chassis era de fibra de carbono.

No Brasil e em Long Beach, Piquet usou o 49D, enquanto que o BT50 era afinado. Ganhou em Jacarépaguá, mas quando os comissários descobriram que o carro era 50 quilos mais leve por causa dos lastros de água usados, alegadamente para arrefecer os freios, foi desclasssificado. Em Zolder, Piquet voltou ao BT 50. Quanto a Riccardo Patrese, usa o BT49 até Montreal, onde consegue mais uma vitória, em Mônaco, e um segundo lugar no Canadá. No final da temporada, os modelos Ford conseguem 19 dos 41 pontos que a equipe alcançou nesse ano, alcançando, caso fosse uma equipe, o nono lugar da classificação nos Construtores.

Em suma, o BT49 foi um carro simples, mas ganhador. Tornou-se no simbolo do reavivar de uma equipe, que de alguém que lutava para acabar para uma equipe vencedora, e catapultou três homens (Gordon Murray, Nelson Piquet e Bernie Ecclestone) para a galeria dos vencedores.


Carro: Brabham BT49
Projetista: Gordon Murray
Motor: Cosworth V8 de 3 Litros
Pilotos: Nelson Piquet, Ricardo Zunino, Hector Rebaque e Riccardo Patrese
Corridas: 36 Vitórias: 7 (Piquet 6, Patrese 1) Poles: 6 (Piquet) Voltas Mais Rápidas: 5 (Piquet 4, Patrese 1) Pontos: 135 (Piquet 104, Patrese 19, Rebaque 12) Campeão do Mundo de pilotos em 1981 (Nelson Piquet)

Fonte: Autosport

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