19 de out. de 2012

A lógica da zebra


Bando totalmente desprovido de noção, muito se falou desde as primeiras corridas do ano com o fraco desempenho do Felipe Massa na Ferrari que seu contrato não seria renovado. Muitas especulações foram levantadas. O Australiano Mark Webber confirmou contato com a Ferrari, logo depois de renovar com a Red Bull. O nome de Sérgio Perez foi ventilado por vários meses, mas o próprio Perez disse que não houve contato algum, assim que assinou com a Mclaren para os próximos anos. Falaram em Kovaleinen, Hulkenberg e Di Resta. O Jackie Stewart e o Berger defenderam Di resta. Foram ainda ventilados os nomes de Kimi, Schumacher e Hamilton.

No período entre 29/09 a 07/10 estive viajando pela Itália, por três regiões diferentes e o que constatei: Todos davam como certa a saída de Felipe Massa da Ferrari. Jornais, TV e o publico em geral.  Andando por Roma ou na Ferrari store,  pude conversar com várias pessoas que gostam de F1 e todos me disseram que 2012 seria o ultimo ano do Massa no carro fabricado em Maranello. Em Torino alem das conversas usuais, tive o prazer de ir ao museu do automóvel e lá estava e ainda deve estar exposta, a Ferrari modelo 2012, carro com o nome de Felipe Massa. Fiquei bastante tempo na parte dos carros de formula e entre uma foto e outra, questionava quem passava sobre o Massa na Ferrari. Em nenhum momento, um entre os muitos abordados, alguem defendeu que Massa continuaria na Ferrari. Em Nápoles, outra cidade que estive, justamente no dia em que o velho Schummy anunciou sua retirada das pistas, o assunto era F1 e a posição das pessoas que conversei em por lá era a mesma, Massa fora.

Eis que na ultima terça-feira a Ferrari anuncia a renovação do contrato de Massa por mais uma temporada. Começam os pronunciamentos de apoio, protesto e de conformidade sobre a renovação. Ontem, a Ferrari divulgou uma nota onde afirma que o Alonso não teve nada haver com a escolha e que quem escolhe e manda em Maranello ainda é o Staff da Ferrari (Montezemolo,  Domenicalli e etc...). 

Vejamos então, quando uma decisão tem que ser justificada e reafirmada por várias vezes é porque alguma coisa não ficou clara. As críticas ao atual modo de agir da Ferrari bateram como um murro no queijo da equipe do cavalinho rampante, que com palavras tenta acalmar os ânimos dos Tifosi e dos amantes da F1.

Mas, o que ocorreu para a renovação? Simples, a Ferrari é uma empresa e em toda empresa temos os mais diversos tipos de profissionais, desde os excepcionais até os mais modestos, que trabalham juntos e fazem a empresa crescer. Vendo neste prisma administrativo, o que pesou na escolha do Felipe foram os seguintes motivos:


  • Vivência. Pois é, antiguidade é posto, principalmente quando o funcionário já conhece como é a cultura e a estrutura da empresa que trabalha.  Sabe como agir e como alcançar os resultados. São 8 anos como piloto da equipe principal, fora o ano de 2003 como pilotos de testes. 

  • Espírito de equipe. Felipe sempre foi um piloto que mesmo a contra gosto aceitou as normas da Ferrari. Em 2007 ajudou o Kimi a ser campeão do mundo (Coisa que foi retribuída por Kimi em 2008 sem o mesmo sucesso), fez cara feia na TV brasileira, mas não reclamou. Deixou o alonso passar na Alemanha 2010 e desde lá a situação se repetiu outras vezes e no ultimo GP da Coreia obedeceu a ordem de ficar atrás do Espanhol. 

  • Comprometimento. Massa é totalmente comprometido com a Ferrari, defende as cores de Maranello e não deixa transparecer quando não está contente. Sempre diz que pensa na equipe. Nunca fala que foi por clausura contratual ou que não renovariam ou o demitiriam caso ele desobedecesse as ordens. O discurso é sempre que ele tem que pensar no melhor pra Ferrari. Dividir curva, disputar posição com o Alonso, nem pensar. 

  • Foco no cliente. Outra qualidade do Massa como funcionário da Ferrari, seu principal cliente é o Alonso e tudo que o Alonso quer, ele faz. Deixa passar, não o ultrapassa e/ou não o atrapalha. Deixou isso bem claro a partir do GP da China 2010. Lembram da ultrapassagem no boxe? Ou seria Bahrein 2010? Onde largou em 2º e Alonso em 3º. Alonso o ultrapassou na primeira curva venceu com Massa em segundo. 

  • Excelência profissional. A Ferrari o vê como um bom profissional, afinal sempre cumpriu as ordens de equipe sem reclamação. Quando em Roma no dia 06\10, vi na televisão o Montezemolo dar uma entrevista ao Eurochannel, onde, ao ser questionado se a Ferrari seria campeã, respondeu de bate e pronto mais ou menos assim: "A Ferrari não é só um carro, temos um segundo piloto, Massa, e ele sabe que confiamos nele e que ele precisa fazer os pontos necessários para sermos campeões."
 
  • Avaliação.  Todos que vivenciam o clima organizacional, sabem que um dos métodos utilizados para recompensas e futuras oportunidades é a famosa avaliação de competência. Neste quesito, apesar do maus resultados atingidos em 2011 e um início ruim em 2012, na hora de avaliar, o histórico ajudou, além dos motivos apresentados acima. Trocar um funcionário que mesmo com pouca motivação alcança metas e ajuda a empresa e seu principal funcionário a triunfar, por um novato que quer mostrar serviço e vem com sede para se destacar. Bom, no caso da empresa Ferrari, isto não acontece, como não acontece em outras tantas. 
Por isso o contratro foi renovado, o conservadorismo e a aposta no funcionário que entre altos e baixos entende a forma da empresa e não é um subalterno. Essa foi a escolha realizada. Além disso, para os italianos quem vence é a Ferrari, não o Alonso, o Schumacher ou outro qualquer.



1 comentários:

Sem dúvida a melhor e mais verdadeira explicação para a renovação do Massa. Parabéns pelo texto véi!