20 de jul. de 2008

30 anos de Piquet na F1


Foi às 10h34 de um cinzento 18 de julho de 1978,que Nelson Piquet entrou no prédio da BS Racing Team. Um inglês baixinho ,narigudo e luzidio chamado David Simms,chefe da equipe Bob Sparshott,cumprimentou-o com a diplomática frieza bitânica indicando-lhe o caminho da fábrica-oficina num diálogo que só esquentou no momento em que chegamos ao centro de pavilhão.Suspenso sobre dois cavaletes de madeira estava o objeto de desejo de Piquet, um Mclaren M23.Foi naquele protótipo sem rodas, a meio metro do chão, modelo 1974, projetado 4 anos antes, que Piquet começava a carreira na Fórmula 1.

Vestiu o macacão ,a balaclava anticombustível, calçou as meias e as sapatilhas de piloto quase sem ruídos. Parecia envergonhado com os olhares do seu mecanico de Fórmula 3, Gregory Sidlle, e cada clique da maquina fotografica com que eu documentava a cena histórica deixava-o ainda mais embaraçado.Era o nervosismo da pré estréia.Afinal, procedia-se apenas ao acerto do banco, volante e a distância dos instrumentos, naquele pavilhão de Luton, nos arredores de Londres.O teste de pista seria no dia seguinte , no circuito de Silverstone, a 190 km dali.

Piquet , o campeão ingles e europeu de Formula 3 daquele ano repetia quase sem fôlego, o mesmo ritual do adolescente que 5 anos antes, sentara pela primeira vez no Super Vê,para a prova de estréia no autodromo de Goiania, em 1974.

No dia seguinte 19 de julho Piquet acelerou pela 1a. vez um carro de Fórmula 1 em Silverstone. Fez um teste excelente que se repetiu no dia subsequente.

Em 30 de julho fez a sua estréia em uma prova de F1 em Hockenheim, pilotando um Ensign da equipe de Norris Mun.

Classificou-se em 21o. num grid de 24 .Após 33 voltas estava em 13o. qdo o motor pifou.

Nelson Piquet nunca teve um empresário ou assessor de imprensa.

Sua carreira sua imagem, tiveram como caracteristicas a malandragem, coragem e improviso.

Antes de assinar com a BS, Piquet consultou alguns pilotos que lhe aconselharam a falar com Bernie Ecclestone, dono da Brabham e mandachuva da Assossiação dos Construtores da F1.Na cara e na coragem bateu no escritório de Ecclestone, que , depois de um surpreso "I'm sorry",perguntou-lhe:

Eu te conheço?

Piquet sem jeito disse o que queria.O chefão baixinho, leu demoradamente o contrato e foi objetivo:"Se voce assinar isso e for bom, tá fodido para o resto da carreira. O melhor é voce oferecer 10 mil dólares por corrida, sem nenhum vinculo no final do ano.

Antes que Piquet dissesse que não tinha dinheiro, Ecclestone despediu-o com um definitivo "vire-se".

Disputou o restante da temporada européia com o Mclaren da BS, o mesmo com que Emerson Fittipaldi fora bicampeão em 1974. Pagou os 10 mil dólares da primeira e da segunda corrida e o dinheiro acabou. Duro, mas pretensioso, ele abriu o jogo ao se apresentar para a terceira corrida. Como a BS precisava ficar na vitrine para ter outro piloto depois da saída de Piquet, resolveram que ele disputaria as demais provas sem pagar e naturalmente, sem receber nada.

"Até o sanduiche era por minha conta", recorda.

E assim começou a carreira de um dos mais brilhantes pilotos de todos os tempos da F1.


Reportagem de Lemyr Martins, indicado por Ronaldo

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